11/22/2010

PERDEMOS NOSSA CAPACIDADE DE CONVERSAR

O maior problema humano hoje é a nossa incapacidade da conversa.

Ainda mais com pessoas que não fazem parte da nossa tribo, geralmente no trabalho, em grupos mais abertos.

O outro nos assusta e precisamos rotulá-lo para nos sentirmos bem, confortáveis e – por que não – superiores.

Perdemos a capacidade de ouvir e falar com sinceridade e disposição para crescer juntos.

Quem não conversa, opta sempre por se fechar em guetos para viver catarticamente na reafirmação de si mesmo.

Motivos mil, consequência milhões! ;(

Todo o esforço hoje, a meu ver, é resgatar essa arte perdida da conversa aberta, do diálogo honesto, em alguma caverna perdida, atrás dos aparelhos dos livros, dos rádios, da tevê e agora da Internet e celulares.

Nada disso garante diálogo, apenas informação.

Ainda mais em profissões que lidam diretamente com pessoas.

Aí se inclui: comunicadores, inovadores, gestores de todos os tipos, informadores, etc…

Assim, acredito que a melhoria das relações está baseado na capacidade do diálogo. E a capacidade do diálogo na melhoria da qualidade da relação.

Evitar a cristalização de guetos, dogmas, tribos, grupos, igrejas, etc.

Quando colocamos o outro em um quadro, é o primeiro passo para nos afastarmos da pessoa e nos ensurdecer.

Sim, não é fácil, mas devemos nos concentrar nessa meta.

Estou assumindo pessoalmente, com toda dificuldade, esse esforço nas minhas aulas, palestras, consultorias, vida pessoal, etc…

Isso, a meu ver, resume uma atitude 2.0, conseguir, de novo, fazer debates honestos.

Quando não dialogamos, tendemos a pasteurizar o outro.

É preciso ouvir para saber:

- como o outro de fato pensa?

- o que há em comum e incomum entre você e o pensamento do outro?

- como ele chegou aquelas conclusões? Amadureceu muito, ou discutiu pouco? Está disposto a rever ou se manter nela?

- qual é, de fato, a disposição dos dois para o diálogo?

- qual é o grau de sua atenção e a do outro quando cada um conversa?

- ambos estão respeitando o outro, sem sarcasmo, ironias, desqualificações, adjetivações?

(Meu filho mais velho, Jonas, me chamou a atenção de que quando se tem problemas no diálogo, começam a surgir os adjetivos. Concordo com ele.)

- como me sinto em relação ao discurso do outro?

- como expresso esse meu sentimento?

- o tempo e o local do diálogo estão ajudando ou atrapalhando?

- ter outras pessoas asistindo ou participando, está ajudando ou atrapalhando?

- a plataforma usada (e-mail, twitter, telefone, pessoal) está ajudando ou atrapalhando?

Problemas recorrentes, que observo que encontra-se ao se conversar de ambos os lados:

- não querer escutar;

- só querer falar;

- não querer falar;

- vontade de doutrinar;

- vontade de ser doutrinado;

- indisposição para mudar.

Acredito que o diálogo é um jogo em que as duas partes devem estar dispostas a superar estes obstáculos, ambas com interesse de mudar, a partir da troca.

Se alguém se diz fechado para a mudança, não há diálogo, mas apenas monólogo e tentativa de doutrinação.

Quase perda de tempo, muito chato, rua sem saída.

Vale o dito: “quando um não quer dois não brigam“, que pode ser adaptado para “quando um não quer dois não dialogam”. Quando dois não dialogam, por consequência, brigam.

(Árabes x Judeus, PSDB x PT, esquerda x direita, etc..são exemplos nessa direção.)

Temos que resgatar a arte do diálogo perdido em alguma caverna lá do passado….se quisermos começar a pensar em fazer projetos inclusivos na Internet, pois a rede é um espaço aberto ao diálogo dos desconhecidos.

Esse é o principal desafio que uma mídia interativa – aberta ao diálogo – traz para a sociedade.

E é o diálogo a principal ferramenta de um agente indutor de mudança.

Concordas?

Fonte: http://nepo.com.br/

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