4/12/2010

Propaganda no Futuro

Escrito por: Paulo Castro - diretor de criação e sócio da Staff
Prepare-se para ouvir: “Você não é bem-vindo”
Como vai ser o futuro no nosso mercado?Sinceramente?Não faço a menor ideia. Prever como vai ser a comunicação nos próximos anos é quase tão difícil quanto prever se o meu amado Fluminense vai jogar na primeira divisão em 2020. Só estando vivo e sentado na arquibancada para saber. Mas, sim, existe uma verdade e um caminho apontando para o que vem por aí. A verdade: o consumidor cada vez tem mais voz e controle sobre o que podemos falar com ele e para ele. Hoje, você pode fazer um vídeo a custo zero, sem nenhuma agência por trás, colocar no YouTube e ser visto por milhões de pessoas. E esse poder de independência só aumenta. O caminho: a interatividade virou a palavra da moda. Mas eu acredito em outra palavra: negociação. Não adianta nada a interatividade se o consumidor puder usar esse canal interativo para simplesmente destruir uma empresa ou uma marca. Antigamente, interação era uma empresa ter um meio de ouvir o que um cliente pensava. Hoje é o contrário. O consumidor pode falar quase tudo o que quer e pensa e as empresas e agências de comunicação que tratem de responder e falar com ele. Ou seja, negociar com ele.
Acabou o monopólio dos meios de comunicação tradicionais. Não estou dizendo que isso é bom. Adoro a mídia de massa, como também amo a internet e as mídias sociais. Mas o fato é que mudou a relação que há 20 anos aprendi na faculdade: o emissor-receptor. Antigamente, eu fazia um filme, jogava na TV e a reação se dava nas vendas. Esse era o jeito de o consumidor responder ao meu estímulo.
Hoje, a reação pode ser espalhar nas mídias sociais que esse filme atenta contra algum direito e simplesmente aniquilar com a mensagem. Ou pior, virar uma mensagem negativa para a marca e ganhar milhões de adeptos a essa teoria. Negociar para mim é isso. E essa vai ser a tendência. Ou melhor, já é realidade. Minha marca, minha mensagem, agora tem que pedir licença para entrar na vida desse novo consumidor. E estar preparado para receber sinais claros como: “Não, você não é bem-vindo”. E estar pronto para entender o porquê dessa rejeição e negociar. Achar um jeito de vender e ser gostado e desejado. Então, o que vejo é cada vez planejarmos mais para esse consumidor que, enquanto escrevo esse texto hoje, já está diferente do que ele era ontem. É um processo irreversível. O que imagino para daqui a 15, 20 anos, é que a forma de responder ao consumidor vai ser tão importante quanto a forma de falar com ele. E as agências terão que ser conhecedoras profundas dessas técnicas de respostas. E tudo vai ganhar uma velocidade ainda maior em comunicação. Hoje um tweet, ou um vídeo na internet, pode abalar a imagem de uma empresa. Isso em segundos.
Nossa resposta terá que levar poucos segundos mais do que isso, antes que o dano seja irreversível. E a empresa que passar a imagem de lenta também estará fora desse jogo. Imagino também que, além de especialistas em comunicação, seremos ainda mais especialistas em targets. Justamente para negociar com as centenas de tribos que aparecem a cada dia e se organizam em comunidades.
Não podemos ter uma mensagem geral para os diversos micropúblicos que estão se juntando. Vamos ter que falar a língua de cada um e do jeito que elas gostam e querem se comunicar. Tentar falar com um target sem ser parte dele vai ser jogar dinheiro fora e na pior das hipóteses, a reputação da empresa fora. E imagino que a tecnologia vai derrubar ainda muitas barreiras, muitas mídias e muitas teorias como a que estou escrevendo agora. Daqui a duas décadas, basta acessar o site, buscar esse texto e ele poderá ter sido uma previsão perfeita do que é a realidade do momento, ou o texto do tempo dos dinossauros. Só espero que, antes de tudo, o meu Fluminense ainda esteja na elite. Daqui a 20 ou 200 anos.
Fonte: Propmark.com.br

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