10/08/2010

Um simples erro na Comunicação põe tudo a perder

DEIXA EU TE AJUDAR?

(Texto retirado da página http://vocesa.abril.com.br/blog/marcio-mussarela/)

Na comunicação, mais importante do que O QUÊ você fala, é COMO você fala.

hiperultradicagramatical nº754 - Onde está o sujeito da comunicação?

-Xiii Mussarela, me perdeu. Análise sintática é um saco. Nem vou continuar a ler esse post…

Calma, relaxa, tira a mão desse máuze e lê até o final que vale a pena. (e se não valer pelo menos você treinou a leitura).

Para quem não sabe atualmente estudo gastronomia, o que significa que fico em uma cozinha diariamente das 12h as 18h cozinhando o mais variado tipo de comida que você possa imaginar com um grupo de aproximadamente 15 pessoas. (#keumteko? No twitter)

Sempre quando eu terminava meus afazeres e estava livre eu perguntava para as pessoas próximas “você precisa de alguma ajuda?”. A resposta invariavelmente era “Não, obrigado. Estou OK”

Mas eu via que a resposta não casava com a realidade, pois muitas vezes as pessoas podiam contar com uma ajudinha para lavar um ingrediente, cortar algo, pegar água ou coisas do gênero.

Comecei a pensar o que poderia causar aquele tipo de resposta negativa. Uma vez que minha abordagem era cordial, desinteressada, a oferta era boa (ajuda para quem precisa), a necessidade real e isso traria benefícios para a pessoa que concluiria sua tarefa.

Foi ai que numa das vezes em que eu me oferecia para ajudar que aconteceu o seguinte diálogo entre mim, Fulano e Ciclano:

Eu- Oi Fulano, você precisa de alguma ajuda?

Nesse momento Ciclano entra na conversa e responde por Fulano

Ciclano – Não , o Fulano não precisa de ajuda nenhuma, ele pode muito bem dar conta da tarefa…

Percebeu?!? Não?!? Lê de novo…

Exatamente! A minha oferta de ajuda soava como uma inabilidade da outra pessoa!

- Hã?

Quando eu me oferecia para ajudar parecia que era porque a pessoa não era capaz de dar conta do recado e por isso invariavelmente a resposta era sempre “Não, obrigado. Estou OK”

Mas até ai esse insight era só fruto de minha mente perturbada e viajante. Tinha que testar para ver se era isso mesmo. E foi o que fiz.

Na semana seguinte quando eu me liberei cheguei do lado de Ciclano (o mesmo que tinha me dado o “fica quieto”) e disse:

- Oi Ciclano, eu acabei minha tarefa e estou sem fazer nada. O que eu posso fazer para te ajudar?

- Ah pode sim! Pega dois…

Opa, perai. Deu certo? Não , não pode ser. Deixa eu tentar de novo. Na mesma hora fui até X que também aceitou a ajuda, depois Z, e assim por diante. Hoje eu sou um feliz ajudante de quem quer e precisa. Fico feliz em ajudar e eles em aceitar a ajuda.

Quando eu digo “você precisa de ajuda?” o sujeito da comunicação é o outro. Se ele aceitar a ajuda pode ser um demonstração de fraqueza, de incapacidade. (eu sei que é louco, mas a gente é louco assim, fazer o quê?).

Se eu faço a mesma oferta mas dessa vez eu peço para ajudar, o sujeito da comunicação sou eu. Aceitar a ajuda é sinal de superioridade da outra pessoa, na verdade é ela quem está me deixando ajudar. Eu viro um assistente pra ela.

Entenderam a diferença e a distância entre “precisa de ajuda” e “deixa eu te ajudar”?

- E o quê que esse papo de cozinha e ajuda tem a ver com a comunicação no ambiente de trabalho e com a minha vida?

Tudo. Uma das razões do feedback nas empresas não funcionar é porque as pessoas esquecem (ou não sabem) desse detalhe precioso que é Quem é o sujeito da comunicação?

Muitas vezes despersonificar o assunto ou mudar o sujeito da comunicação pode ser uma solução (bem fácil) para seus problemas (ou o dos outros).

Nenhum comentário:

Postar um comentário